Documentário sobre rebelião jacareiense estreia em fevereiro

O documentário sobre a rebelião ocorrida na Avenida Siqueira Campos em 14 de fevereiro de 1981, que terminou com a morte de sete pessoas, já tem definida a data de estreia: 11 de fevereiro, em sessão especial a ser realizada na Sala Mário Lago.

A equipe da TV Câmara Jacareí, responsável pela realização do filme, entrevistou nos últimos meses quase 20 pessoas, desde jornalistas que cobriram o caso, como Carlos Nascimento, então na TV Globo, e André Freire, no extinto jornal Valeparaibano, até os irmãos do advogado Franz de Castro Holzwarth, um dos que perderam a vida por conta do tiroteio que aconteceu no motim dos presos.

Ex-funcionários da delegacia também foram ouvidos, como o ex-chefe dos escrivães José Benedito Aparecido, hoje com 81 anos. “Cheguei minutos depois do início da revolta. Estava na rua, em hora de almoço, quando fui avisado. Fui um dos reféns. Fiquei na mira dos presos, apanhei”, disse.

Pedro Faria, que quatro décadas atrás era investigador de polícia, revelou que muita gente que acompanhava a rebelião da rua estava armada. “Eram civis que se dirigiram à Avenida Siqueira Campos com revólveres nos bolsos. Na hora do tiroteio todo mundo atirou. Felizmente, não fui atingido, apesar de várias balas terem passado bem perto de mim. ”

A produção do documentário encontrou uma entrevista de Mário Ottoboni (1931-2019), que em 1981 fazia parte da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, a APAC, que permanece inédita até este momento. A gravação, de 2013, foi na casa dele. “Aquele foi um dos piores dias de minha vida. Se eu pudesse, tinha morrido junto com o Franz, que era meu amigo. Penso nele quase todos os dias”, comentou Mário nesta conversa com o cineasta Dannyel Leite, que há 9 anos pensou em fazer um documentário sobre o fato, mas depois desistiu e cedeu a filmagem à emissora jacareiense.

Na cidade de Barra do Piraí (RJ), terra natal de Holzwarth, a TV Câmara falou com os irmãos e os amigos do advogado. Eles lembraram passagens da infância e comentaram sobre o legado de benevolência e misericórdia deixados por ele. Em 18 de maio, se estivesse vivo, ele completaria 80 anos.

Para Márcio Martinele, Diretor de Comunicação da Câmara Municipal, o documentário é necessário para que a memória dos acontecimentos da cidade não se perca. “São poucos materiais audiovisuais existentes sobre esta rebelião e, principalmente, sobre a tragédia por trás do acontecimento, portanto cabe à TV pública da cidade não permitir que isto caia no esquecimento”, disse.

Após finalizado, o documentário ficará disponível no canal do Youtube da TV Câmara Jacareí, além de ser transmitido na grade programação mídias sociais da emissora.

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